Surgem barcos no horizonte.
A saudade nos olhos sobeja
Da mulher apoiada na ponte
À espera de quem muito deseja.
A saudade nos olhos sobeja
Da mulher apoiada na ponte
À espera de quem muito deseja.
Sua sombra projetada n’água
Tremula qual solitário pavilhão
Açoitado pelos ventos da mágoa
Abrigada em seu coração.
Lembra de um tempo distante
E voltar, ardentemente, deseja.
Olha o mar e num passo hesitante,
Curva-se para que sua alma veja
O rosto que tem no pensamento,
Refletido no espelho do oceano.
Por um instante, alivia o tormento,
Aumentado a cada ano
Quando em dia e hora marcados,
Da tardinha ao surgir do arrebol,
Espera com suspiros angustiados
Que ele venha com o sol
No seu barco azul como o céu
Levado pelas deidades do mar.
E pondo na cabeça o negro véu
Deita-se para cantar.
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